Manumanu’s Weblog

novembro 8, 2008

Ayaan Hirsi Ali- a mulher que desafiou o islã

Filed under: Uncategorized — manudltitoto @ 3:12 am
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Terminei o livro “Infiel” hoje, uma obra autobiográfica de Ayaan Hirsi Ali. É com muita satisfação que venho escrever esse post agora, porque o livro realmente choca, é um soco no estômago, e a autora se tornou uma heroína pessoal.

infielResumindo, é uma moça que nasceu na Somália, pertencendo ao clã dos Darod (lá toda a sociedade é dividida por clãs, e cada clã não pode se misturar um com outro). No começo do livro, sinceramente é meio enfadonho, pois ela descreve bem a infância e juventude, fui lendo aos trancos e barrancos, mas esse início se mostra útil porque ela realmente te coloca no mundo e na sociedade em que pertencia. Seu clitóris foi retirado quando tinha 5 anos apenas, o que na cultura dela era ótimo, pois a mulher que tinha clitóris era chamada de imunda e prostituta, não tinham respeito por essas, o que fazia todo o sexo feminino a querer fazer a circuncisão. O leitor é envolvido e  entende a mente de uma pessoa que só aprendeu uma coisa na vida: a ser muçulmana devota.

Ela cresce na Somália com pano de fundo da ditadura de Siad barré, e sua família foi exilada pra Etiópia entre outroa país, mas sempre numa devoção gigante à Alá, um Deus que não conseguiu responder seus questionamentos. A trama se desenrola, com fatos que chocam qualquer indivíduo que tenha a menor noção de direitos humanos. Quando Ayaan se casa ela se vê num dilema: ou vive numa vida que não entende e que sabe bem o final (esposa devota, com um marido que provavelmente casará mais vezes, sem direito algum, sem opinião e esquecida) ou renuncia à tudo que já aprendeu e foge para procurar um meio de vida melhor. Ela escolhe a 2° opção, e é realmente uma guerreira, renunciou TODOS seus valores, sua família, seus amigos, sua religião, com medo de Alá amaldiçoá-la, com medo de ser perseguida, e de ser renegada. Saiu com o objetivo de crescer, de todas as maneiras, e de conquistar sua liberdade…e conseguiu. A força que essa mulher teve é de arrepiar. Se exilou na Holanda e, simplismente, virou deputada por lá. Clamou pelos direitos das muçulmanas, criticou maomé e foi condenada à morte pelo fundamentalismo islâmico. A história é demais, todo mundo tem que ler, uma lição de vida.

Coloco aqui um trecho do livro que me fez pensar no mundo em que vivo: “Todos os alunos eram brancos, quase sempre loiros de olhos azuis (isso na Holanda, quando ela fez faculdadde lá). No entanto nota-se claras distinções de clãs entre eles. Havia garotas de cabelo cacheado, que pintavam os olhos e usavam suéteres com a palavra Benetton estampada; essas eram as clones. As que tingiam o cabelo e deixavam a cor natural aparecer na raiz, era o lixo. E as de cabelo oleoso e sem lavar, as maloqueiras; usavam drogas. Assim que uma moça de aparência ligeiramente diferente se afastava de um grupo de colegas, as outras se punham a falar nela. Embora todos se identificassem pela roupa e pelo sotaque-por classe, e não por clã-, era quase como estar entre somalis, tentando descobrir se fulano era (da clã) osmar mahamud e, então, sentindo-se à vontade para falar dos hawiye(outra clã).

Às vezes, durante a aula, eu notava que havia uma questão de classe social. as pessoas costumavam dizer: ‘Não temos problemas de classe na Holanda. Somos uma sociedade igualitária’. Eu não acreditava”

Somos tão diferentes assim da sociedade de clãs?

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